A Sociedade Filarmónica “Unânime Praiense” nasceu a 3 de Outubro de 1881, na sequência de importante movimento cultural surgido nesta Ilha nas últimas décadas do século XIX.
Foi seu fundador o , pároco de então, da dita freguesia, e seu primeiro regente João António que, à frente de 16 músicos abrilhantava, em 3 de Outubro de 1881, a procissão da Senhora do Rosário, desde então sua Padroeira.
Os primeiros 15 anos de vida decorreram cheios de entusiasmo e progresso, até que, na festa da Padroeira de 1896, os tocadores residentes nos sítios da Lomba e do Chão Frio, levaram os respectivos instrumentos e deram conhecimento aos residentes da Praia na formação de uma nova filarmónica.
Ficou então a existir na freguesia da Praia do Almoxarife duas filarmónicas: a “Unânime Praiense”, dirigida por Tomás Francisco, com sede na Praia, no império junto à Igreja, e a “Recreio Praiense”, dirigida por Veríssimo dos Santos, com sede no Caminho do Meio, numa casa de abegoaria, ainda hoje existente.
Esta divisão; (bairrista, política…) alimentou-se por vários anos, em parte devido ao tipo de povoamento da freguesia, disperso por duas zonas habitacionais: uma no litoral, a Praia, e outra no interior, o Chão Frio.
A rivalidade, mesmo a nível musical, chegava ao ponto de os da Praia apelidarem de “ rocas” aos do Chão Frio e estes, de “garajaus” aos da Praia.
Felizmente, a voz e a inteligência do pároco Silva Reis, fazer-se ouvir, e, em fins de 1900, extinguiu-se a “Recreio Praiense”, regressando alguns dos seus músicos principais, com Manuel dos Santos Pinheiro e José Pinheiro da Silva à “Unânime Praiense”.
Pouco depois, como consequência desta reconciliação, e dada à exiguidade das instalações no Império, onde já não cabiam todos os músicos, a “Unânime Praiense” transfere a sua sede para o Caminho do Meio.
Em 1930, atravessando uma grave crise – com falta de instrumentos e componentes – é reorganizada pelo exímio clarinetista, Manuel Veríssimo dos Santos, regressado dos Estados Unidos – para onde havia emigrado e efectuado estudos superiores de música, chegando a profissional da Orquestra Sinfónica de Chicago e professor do Conservatório desta cidade, – e do seu dedicado director Isauro Oliveira Fraião, que, a expensas suas, adquiriu os instrumentos necessários, reclamados pelo Maestro.
Veríssimo dos Santos demora-se então algum tempo no Faial, onde fez escola, formando uma Orquestra Filarmónica, com os melhores amadores do Faial e Pico, dando assim a conhecer ao público destas duas ilhas obras clássicas nunca dantes ouvidas.
Da sua escola, na Praia do Almoxarife, sobressaem um grupo de jovens clarinetistas que haviam de ser, mais tarde, os pilares da Unânime Praiense. São eles: Alberto Ávila de Vargas, Manuel dos Santos Pinheiro Jr., Mário Mariante, José Joaquim e outros.
Em 1936 a “Unânime Praiense” começa a dar mostras de uma grande pujança musical, apresentando-se na cidade da Horta, no programa “Serões de Arte”, organizado pelo “Salão Éden”, com a sua Filarmónica, um Grupo de Música de Câmara, integrando ao piano Maria Helena Vargas, e uma “Tuna Bandolisnística” vibrantemente aplaudida pelo público hortense. (in “Correio da Horta”, de 12-05-36).
Em 1938, assume a direcção artística da “Unânime Praiense” Alberto Ávila de Vargas, regente de grande sensibilidade musical, capacidade de trabalho e dinamismo, que soube, de maneira brilhante, dar continuidade aos ensinamentos do Maestro Veríssimo.
Em 1946, os Praienses apresentam também em público, um “Coro Misto”, com cerca de 40 figuras, sob a regência de Manuel Gaudêncio, que impressiona vivamente os hortenses. (in Telégrafo de 4-06-46, “Rui Barbo”, e Correio da Horta de 12-05-48).
Em 1955, a Filarmónica desloca-se a Angra do Heroísmo onde merece da crítica terceirense os maiores elogios. (in Diário Insular e União, de 12-08-55, testemunhos de Henrique Borba, Alberto Cunha, Raul Coelho, Diamantino e Álvaro Lunet).
Em 1959, sob a regência de Alberto Vargas, participa no “I Grande Concurso Nacional de Filarmónicas e Bandas Civis” da FNAT, no escalão de 3ª. Categoria, ultrapassando na 1ª. Eliminatória, a nível Açores, 35 bandas e na 2ª. Eliminatória, a nível Continental, na cidade de Setúbal, em 1960, 24 bandas. Apurada para a Final, que viria a realizar em Lisboa, no Pavilhão dos Desportos, em 21-09-60, obtém o prémio do 2º. Lugar Nacional .
Regressada de Lisboa, uma “onda de entusiasmo e orgulho” invade todos os praienses e muitos hortenses, que decidem dar início ao projecto de construção de uma nova sede mais condigna com o nome e prestígio alcançado.
Iniciada em 1963, foi inaugurada em 8-07-65, pelo então Ministro das Obras Públicas, Engº. Arantes e Oliveira, a sua actual sede, sita no Caminho do Meio, nº. 12, Praia do Almoxarife.
A partir de agora e para além da sua actividade musical, a Sociedade Filarmónica Unânime Praiense vem desenvolvendo grande actividade com espectáculos de teatro, cinema, serões dançantes, reuniões sociais e políticas.
Mas é a sua Filarmónica e a sua Tuna que são constantemente reclamadas para actuações de representação a nível Ilha e Região, especialmente pelas colónias de emigrantes faialenses dos Estados Unidos da América.
Em 1990, a convite da Região de Turismo de São Mamede, distrito de Portalegre, e apoiada pela Secretaria Regional do Turismo, representa os Açores no “2.º Grande Festival de Bandas Filarmónicas do Alto Alentejo” que decorreu em Castelo de Vide, Marvão e Gavião.
Em Agosto de 1997, desloca-se novamente aos Estados Unidos, Nova Inglaterra, onde participa nas “Grandes Festas do Espírito Santo”, em Fall Rivel, sendo uma das duas Bandas escolhidas para a execução dos hinos na sessão oficial de encerramento em “Vénus de Milo”. Efectua ainda uma série de concertos para os nossos emigrantes nas cidades de New Bedford, East Providence, Pawtucket, Camberland e West Warwick.
Em 1999, é convidada pela Presidência do Governo Regional, a abrilhantar na “Sociedade Amor da Pátria”, na cidade da Horta, as comemorações oficiais do “Dia da Autonomia”, executando os hinos Nacional e Regional.
A Tuna Bandolinistica, muito requisitada para abrilhantar os serões culturais da cidade da Horta, e receber grupos turísticos, foi premiada com o Primeiro Prémio, no Concurso Distrital de Tunas realizado na cidade da Horta, pela ex-Junta Geral do Distrito, em 1962.
Em 1977, acompanhou a Filarmónica na sua deslocação aos Estados Unidos da América, sendo também integrada, com várias actuações no Estado da Califórnia, na “Semana das Comunidades”.
Em 1982 e 1993, abrilhantou o “Dia dos Açores” no Festival Gastronómico de Santarém, a convite da Secretaria Regional do Turismo, tendo feito várias actuações com relevo para os serões culturais na Casa dos Açores em Lisboa.
Em 1991, participou nas Festividades da Semana Académica da Universidade dos Açores , em Angra do Heroísmo e Praia da Vitória.
Em 1995, foi integrada na Temporada Musical da D.R.A.C. dando concertos no Faial e Pico.
Em Maio de 2001 assume a direcção artística da Unânime Praiense o jovem Ruben Manuel Sousa da Silva tendo a seu cargo a regência da filarmónica, hoje frequentada por cerca de 70 executantes.
Escola de Música
A escola de música é o pilar da filarmónica. Quer o Maestro, quer o presidente da Direcção consideram que “atendendo à nossa realidade insular, em que os jovens a partir de certa idade vão para fora da ilha estudar, é importante termos um núcleo de formação que supere essas faltas” – sublinha Ruben Silva.
Este ano estão a decorrer na Unânime dois cursos: um para instrumentos de cordas: bandolins e violão, e outro de instrumentos de sopro e percussão. Os alunos da escola de música tem idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos mas, de acordo com o Maestro, “gostávamos de alargar as idades e de abrir um curso para crianças a partir dos 2 anos. Este curso será de iniciação musical e pretenderá acima de tudo, desenvolver sensibilidade rítmica e audição entre outros aspectos. Estamos a tentar arranjar um formador específico.”